top of page

4 Dias de trabalho, inovação e liderança. O que temos de novo?


Como lições da Tradição Iorubá para uma Vida Equilibrada já apontavam caminhos para equilíbrio e produtividade. #gestaodepessoas #liderança #DE&I

Já faz algum tempo que no mundo da gestão de pessoas, muitas áreas de Recursos Humanos ao redor do mundo vêm organizando sistemas de testes de rotinas de trabalho com escalas reduzidas, em semanas de apenas 4 dias úteis, ao invés dos tradicionais 5.

De acordo com uma publicação da Forbes em dezembro de 2022, mais de duas dúzias de empresas do reino unido e EUA, que experimentaram o sistema com menor quantidade de horas, mas sem alterações salariais, constataram crescimento nos resultados, tendo entre alguns dos benefícios: mais de 8% de crescimento de receita, aumento da produtividade ao cancelar reuniões excessivas, bem como inúmeras melhorias em índices de bem estar e felicidade dos colaboradores.

Além deste estudo preliminar, recentemente, no programa Fantástico, foram divulgados novos resultados oficiais das pesquisas e após 6 meses completos de testes, 91% das organizações participantes optaram por manter o regime de trabalho com escalas reduzidas, dado as melhorias nos indicadores do negócio e desempenho dos colaboradores.

Muitos dos números positivos expostos pelos funcionários, além da sensação de bem estar, indicam ganhos como maior tempo para cuidar da saúde, redução do absenteísmo, melhora na satisfação com trabalho e família, além da economia média de gastos de aproximadamente R$1,6 mil entre os colaboradores.

E pra quem ainda tenha dúvidas da eficácia da aplicabilidade desta realidade para o mercado brasileiro, empresas que vêm testando o modelo por aqui também têm experimentado ganhos na produtividade, melhoria na qualidade de entregas de resultados e tarefas e aumento do foco dos funcionários.

Porque mais empresas devem considerar modelos de gestão flexíveis?

Finalizamos o mês de setembro, onde se propõe a reflexão do setembro amarelo e se sua empresa chegou a debater esta pauta, a partir de agora, em outubro e nos demais meses o compromisso precisa ser com propostas práticas e eficazes de enfrentamento às vulnerabilidades emocionais e psicológicas. 

Não pode ser possível para uma Diretoria de Gestão de pessoas ou CEO, ter ciência de que no Brasil, 26,8% das pessoas recebem diagnóstico de ansiedade e um terço destas pessoas são jovens entre 18 e 24 anos, em plena idade produtiva, e optar por não fazer absolutamente nada, para fortalecer políticas de bem estar e saúde mental nos ambientes de trabalho. 

Apesar desses dados já serem assustadores, é preciso considerar também o volume de pessoas não diagnosticadas e das subnotificações, que podem elevar ainda mais tais marcadores. Se incluirmos então fatores de impacto na segurança psicológica e recortes aprofundados para entender reflexos nos aspectos emocionais de pessoas com perfis mais diversos; população negra, lbtquiapn+, pcd’s, população periférica, entre outros, certamente somam-se ainda mais fragilidades a serem consideradas na gestão.

Aumentar os cuidados com a saúde mental e investimentos na segurança psicológica, para enfrentar “fantasmas invisíveis”, como as taxas de ansiedade e o burnout, por exemplo, é mais do que urgente, se tornou estratégico para os negócios e para a sociedade, já que a busca por um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal tem se tornado uma prioridade em muitas sociedades modernas. 

4 dias de trabalho na semana: Inovação de fato?

Apesar de me posicionar como grande entusiasta dos bons resultados que estes testes no Brasil e no Mundo vêm apresentando, preciso destacar aqui que essa abordagem, mesmo  parecendo inovadora, ela nada mais é do que um excelente exemplo de uma das tecnologias ancestrais vinda de África, que encontra paralelos na tradição iorubá, uma antiga cultura africana que também adota uma semana de quatro dias, há milhares de anos atrás.

Para quem não conhece, a cultura iorubá é originária do oeste da África e uma das mais antigas e ricas tradições do continente. Ela tem uma estrutura social e religiosa complexa, que tradicionalmente era composta também por uma semana de quatro dias principais: Odún Owó (Dia da Riqueza), Odún Èyò (Dia do Regozijo), Odún Òní (Dia Atual) e Odún Ọ̀nà (Dia da Reunião). Cada dia tem seu próprio significado e propósito dentro da cultura iorubá.

1. Odún Owó (Dia da Riqueza): Este dia é dedicado ao trabalho e ao empreendedorismo. Os iorubás acreditam que é o dia ideal para buscar prosperidade e riqueza material por meio do esforço individual.

2. Odún Èyò (Dia do Regozijo): Este é o dia para celebrar a vida e desfrutar das conquistas. É um momento para relaxar, socializar e se alegrar.

3. Odún Òní (Dia Atual): Este dia é reservado para viver o presente, cuidar de assuntos pessoais e refletir sobre a vida.

4. Odún Ọ̀nà (Dia da Reunião): Neste dia, a comunidade se reúne para discutir questões importantes, tomar decisões coletivas e fortalecer os laços sociais.

Imagino que para muitos que lêem este texto, algumas destas informações podem não fazer muito sentido no primeiro momento, mesmo assim proponho reflexão sobre este tema, apesar deste desafio de choque cultura, para ampliar horizontes e inspirar novos modelos de gestão e pensar modelos de liderança.

Cabe destacar que entre algum dos pontos que compõe toda complexidade da cultura iorubá, está a filosofia de vida que considera o ser humano como parte integrante do meio, de modo que as práticas, estilo de vida, consciência individual e coletiva perpassam por um entendimento de que tudo e todos estão interligados e pensar no bem estar coletivo, orientado pelos valores acima mencionados na forma de se relacionar com os dias da semana tem como propósito fortalecer uma consciência de desenvolvimento contínuo.

Diante disso, quero propor a você uma breve análise sobre alguns possíveis aprendizados que este estilo de vida e organização social ancestral vindo de África pode ajudar seu estilo de vida e liderança.

1. Considere priorizar equilíbrio entre trabalho e vida pessoal:

A cultura iorubá valoriza tanto o trabalho quanto a celebração da vida. Isso reflete a importância do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, algo que uma jornada de trabalho de quatro dias pode facilitar e os resultados mencionados acima, só vêm comprovando.

2. Conecte sua produtividade e prosperidade com menor tensão:

O Dia da Riqueza na tradição iorubá destaca a importância do trabalho árduo e da busca da prosperidade. Da mesma forma, uma jornada de trabalho mais curta pode aumentar a produtividade, pois os trabalhadores podem se concentrar mais em suas tarefas em menos tempo.

3. Foque na promoção do bem-estar emocional coletivo:

O Dia do Regozijo na cultura iorubá ressalta a importância do relaxamento e da celebração. Reduzir a jornada de trabalho pode reduzir o estresse e melhorar o bem-estar emocional dos trabalhadores, permitindo que tenham mais tempo para aproveitar a vida.

Concluindo, a proposta deste artigo é trazer perspectivas afro referenciadas para reflexão sobre como valorizar a cultura africana em diáspora e afro brasileira, pode nos ajudar a encontrar respostas e soluções para muitos dos problemas do dia a dia pessoal e corporativo. 

Abrir a mente para esta e muitas outras intersecções possíveis entre a cultura iorubá, a proposta de estilo de vida em equilíbrio com o ecossistema e uma visão que priorize a coletividade e bem estar para construção de resultados ainda mais positivos para a sociedade e organizações não é absolutamente nada novo, mas sim, prova da necessidade de resgatarmos e valorizarmos saberes ancestrais. O tradicional movimento de Sankofa, trabalhado e ensinado por nossos ancestrais.

Se você quer saber mais sobre como podemos buscar inspiração em conceitos e vivências afro referenciados, trazendo diversidade de saberes, estratégias disruptivas e inovadoras para fortalecimento de lideranças, soluções em ESG e DE&I, vamos continuar esta conversa. Estou disponível para um café virtual ou presencial e também para palestras e formações na sua empresa. 




3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

As crianças mimadas vão conseguir acabar com o mundo?

Como as sombras da infância e suas ausências emocionais têm moldado o julgamento de líderes e ameaçado o futuro das empresas em um mundo desigual. Li recentemente sobre uma potencial investida de Elon

bottom of page